COLECÇÃO INVERNO 2012
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EM CONVERSA COM DINO ALVES
Daily ModaLisboa – Qual a importância da ModaLisboa para a divulgação e desenvolvimento do trabalho dos Criadores de Moda Portugueses, ao longo dos últimos 20 anos?
Dino Alves – A ModaLisboa cria toda uma estrutura que nos permite apresentar as nossas colecções e fazer parte da Moda nacional. Obviamente que cada um de nós poderia, eventualmente, fazer os seus desfiles individualmente, mas não haveria um contexto, um calendário, e é isso que eu considero importante para criar consistência e para nós sentirmos que pertencemos ao panorama da Moda nacional. Porque a união faz a força e acho que as coisas feitas de forma independente não têm o mesmo impacto. A imprensa que se junta e que vem de fora para assistir à ModaLisboa, certamente não o faria para ver apenas um desfile pontual.
- De todas as edições da ModaLisboa em que participou, destaque:
- A edição mais memorável?
É um pouco difícil para mim destacar apenas uma, porque todas as edições acabam por ser memoráveis. Em cada edição, eu tenho uma história para contar, em cada desfile que faço há uma aventura inerente. Há sempre alguma coisa que é feita quase por instinto, muitas vezes não se testa e não se sabe se vai funcionar bem ou não. Lembro-me, por exemplo, daquele desfile em que eu apareci no final a fazer de robot e acompanhado por um miúdo com um telecomando. Tudo isso foi feito sem quaisquer ensaios, o que poderia resultar num desastre. Ou aquela edição em que cantei… O que acontece é que se cria ali uma empatia, uma energia que não sabemos de onde vem, e as coisas acabam por correm bem. Todas as edições são uma aventura, por isso é muito difícil destacar uma, mas se o tivesse que fazer, acho que destacaria essa edição em que cantei, porque foi uma coisa que sempre quis fazer, e a edição do miúdo porque teve um carácter mais emocional. Ele era muito parecido comigo e tive o cuidado de o vestir e de criar uma imagem muito semelhante à que eu tinha quando tinha a idade dele. As pessoas que me conhecem desde infância reconheceram isso e emocionaram-se muito. Destaco também a edição em que vesti os manequins de mulheres porque senti da parte deles um enorme carinho e confiança. Aceitaram fazer o que fizeram sem quaisquer reservas. Quando tive a ideia pensei: agora vamos ver se consigo meter isto em prática, porque vou ter que pedir aos manequins para se vestirem de mulheres, pintar os lábios, andar de saltos altos, fazer a depilação, e quando comecei a perceber o feedback fui completamente surpreendido pela disponibilidade imediata que eles demonstraram. Muitos disseram que o fizeram por ser um desfile meu, o que foi uma grande prova de carinho e amizade. Portanto esse desfile também vai ficar sempre na minha memória.
- O melhor tema?
O desta edição: Love.
- O melhor local?
O Armazém Terlis.
- A melhor passerelle?
A da 18ª edição, no Armazém Terlis, toda em alcatifa cinzenta. A passerelle era larguíssima, que é uma coisa que eu gosto bastante. Às vezes, por condicionantes de espaço, não há muita distância entre o público e o manequim que está a desfilar e acho que se perde a nível de imagem. Nessa edição, as paredes, o chão, as bancadas eram todas forradas com alcatifa cinzenta, era um espaço sem nada, no fundo. Para mim, essa foi a melhor de todas.
- A situação/experiência mais curiosa que viveu?
Eu dou muito valor e importância ao lado humano, ao relacionamento com as pessoas. Para mim, o desfile em que vesti os homens de mulheres foi uma experiência fantástica, porque fui completamente surpreendido. Os manequins vieram todos ao meu atelier no dia anterior para fazer o fitting e o que eu vi foi um enorme entusiasmo. Quantos mais saltos altos e mini saias pusessem, mais entusiasmados eles ficavam. Essa parte humana que se retira destas situações, para mim é sempre muito importante.
- Que mensagem gostaria de deixar à ModaLisboa neste 20º aniversário?
Que continue a acreditar em nós. Que divulgue o trabalho dos criadores, que são, de alguma forma, o sentido do evento, e continue a acreditar que vale a pena o esforço e o investimento a todos os níveis para criar uma plataforma que nos deixa ser criadores de moda.
- Fale-nos um pouco da colecção que vai apresentar nesta edição comemorativa.
O ponto de partida da colecção é uma questão que tem, mais uma vez, a ver com a vida das pessoas, que é sempre, no fundo, a minha inspiração. Acho que nunca tive um conceito nas minhas colecções que não tivesse relacionado com o lado humano. Tenho percebido também que quase todos os meus desfiles são um pouco auto biográficos, têm sempre a ver com as minhas vivências, com a minha vida, com coisas que me acontecem. Esta colecção parte da ideia de uma vida estilhaçada, porque todos nós já tivemos momentos menos bons, seja a perda de alguém muito importante na nossa vida, seja uma paixão mal resolvida que nos desgasta ou um negócio mal feito que nos destrói. Muitas vezes essas falhas, essas lacunas, acompanham-nos para o resto da vida. Tentamos reconstruir a vida e compor as “peças”, mas muitas vezes elas já não encaixam da mesma maneira e tornamo-nos pessoas diferentes. Fiz uma metáfora com a colecção. É quase como se esta tivesse toda feita e repentinamente, por um motivo qualquer, ela tivesse sido toda desmontada e remontada novamente, e os painéis muitas vezes já não encaixam da mesma maneira, ficam um pouco soltos. Existem algumas peças que dão essa ilusão dos painéis estarem separados entre si ou encaixados no espaço errado. Tem esse lado um pouco caótico, mas organizado. As peças são muito straight, muito minimais, continuam na mesma linguagem da última colecção. É o que eu chamaria de neoclássico ou novo clássico. Os looks masculinos incluem a camisa, o pullover, a calça clássica, mas com detalhes que lhes conferem o ar de um novo clássico.
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EM CONVERSA COM DINO ALVES
Daily ModaLisboa – Qual a importância da ModaLisboa para a divulgação e desenvolvimento do trabalho dos Criadores de Moda Portugueses, ao longo dos últimos 20 anos?
Dino Alves – A ModaLisboa cria toda uma estrutura que nos permite apresentar as nossas colecções e fazer parte da Moda nacional. Obviamente que cada um de nós poderia, eventualmente, fazer os seus desfiles individualmente, mas não haveria um contexto, um calendário, e é isso que eu considero importante para criar consistência e para nós sentirmos que pertencemos ao panorama da Moda nacional. Porque a união faz a força e acho que as coisas feitas de forma independente não têm o mesmo impacto. A imprensa que se junta e que vem de fora para assistir à ModaLisboa, certamente não o faria para ver apenas um desfile pontual.
- De todas as edições da ModaLisboa em que participou, destaque:
- A edição mais memorável?
É um pouco difícil para mim destacar apenas uma, porque todas as edições acabam por ser memoráveis. Em cada edição, eu tenho uma história para contar, em cada desfile que faço há uma aventura inerente. Há sempre alguma coisa que é feita quase por instinto, muitas vezes não se testa e não se sabe se vai funcionar bem ou não. Lembro-me, por exemplo, daquele desfile em que eu apareci no final a fazer de robot e acompanhado por um miúdo com um telecomando. Tudo isso foi feito sem quaisquer ensaios, o que poderia resultar num desastre. Ou aquela edição em que cantei… O que acontece é que se cria ali uma empatia, uma energia que não sabemos de onde vem, e as coisas acabam por correm bem. Todas as edições são uma aventura, por isso é muito difícil destacar uma, mas se o tivesse que fazer, acho que destacaria essa edição em que cantei, porque foi uma coisa que sempre quis fazer, e a edição do miúdo porque teve um carácter mais emocional. Ele era muito parecido comigo e tive o cuidado de o vestir e de criar uma imagem muito semelhante à que eu tinha quando tinha a idade dele. As pessoas que me conhecem desde infância reconheceram isso e emocionaram-se muito. Destaco também a edição em que vesti os manequins de mulheres porque senti da parte deles um enorme carinho e confiança. Aceitaram fazer o que fizeram sem quaisquer reservas. Quando tive a ideia pensei: agora vamos ver se consigo meter isto em prática, porque vou ter que pedir aos manequins para se vestirem de mulheres, pintar os lábios, andar de saltos altos, fazer a depilação, e quando comecei a perceber o feedback fui completamente surpreendido pela disponibilidade imediata que eles demonstraram. Muitos disseram que o fizeram por ser um desfile meu, o que foi uma grande prova de carinho e amizade. Portanto esse desfile também vai ficar sempre na minha memória.
- O melhor tema?
O desta edição: Love.
- O melhor local?
O Armazém Terlis.
- A melhor passerelle?
A da 18ª edição, no Armazém Terlis, toda em alcatifa cinzenta. A passerelle era larguíssima, que é uma coisa que eu gosto bastante. Às vezes, por condicionantes de espaço, não há muita distância entre o público e o manequim que está a desfilar e acho que se perde a nível de imagem. Nessa edição, as paredes, o chão, as bancadas eram todas forradas com alcatifa cinzenta, era um espaço sem nada, no fundo. Para mim, essa foi a melhor de todas.
- A situação/experiência mais curiosa que viveu?
Eu dou muito valor e importância ao lado humano, ao relacionamento com as pessoas. Para mim, o desfile em que vesti os homens de mulheres foi uma experiência fantástica, porque fui completamente surpreendido. Os manequins vieram todos ao meu atelier no dia anterior para fazer o fitting e o que eu vi foi um enorme entusiasmo. Quantos mais saltos altos e mini saias pusessem, mais entusiasmados eles ficavam. Essa parte humana que se retira destas situações, para mim é sempre muito importante.
- Que mensagem gostaria de deixar à ModaLisboa neste 20º aniversário?
Que continue a acreditar em nós. Que divulgue o trabalho dos criadores, que são, de alguma forma, o sentido do evento, e continue a acreditar que vale a pena o esforço e o investimento a todos os níveis para criar uma plataforma que nos deixa ser criadores de moda.
- Fale-nos um pouco da colecção que vai apresentar nesta edição comemorativa.
O ponto de partida da colecção é uma questão que tem, mais uma vez, a ver com a vida das pessoas, que é sempre, no fundo, a minha inspiração. Acho que nunca tive um conceito nas minhas colecções que não tivesse relacionado com o lado humano. Tenho percebido também que quase todos os meus desfiles são um pouco auto biográficos, têm sempre a ver com as minhas vivências, com a minha vida, com coisas que me acontecem. Esta colecção parte da ideia de uma vida estilhaçada, porque todos nós já tivemos momentos menos bons, seja a perda de alguém muito importante na nossa vida, seja uma paixão mal resolvida que nos desgasta ou um negócio mal feito que nos destrói. Muitas vezes essas falhas, essas lacunas, acompanham-nos para o resto da vida. Tentamos reconstruir a vida e compor as “peças”, mas muitas vezes elas já não encaixam da mesma maneira e tornamo-nos pessoas diferentes. Fiz uma metáfora com a colecção. É quase como se esta tivesse toda feita e repentinamente, por um motivo qualquer, ela tivesse sido toda desmontada e remontada novamente, e os painéis muitas vezes já não encaixam da mesma maneira, ficam um pouco soltos. Existem algumas peças que dão essa ilusão dos painéis estarem separados entre si ou encaixados no espaço errado. Tem esse lado um pouco caótico, mas organizado. As peças são muito straight, muito minimais, continuam na mesma linguagem da última colecção. É o que eu chamaria de neoclássico ou novo clássico. Os looks masculinos incluem a camisa, o pullover, a calça clássica, mas com detalhes que lhes conferem o ar de um novo clássico.
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