Um criador de moda genial de um lado, um homem misterioso do outro. O mito Yves Saint Laurent cresceu e fascinou durante vários anos. Agora, a jornalista Marie-Dominique Lelièvre revela as facetas mais sombrias do grande costureiro francês, numa biografia não autorizada que vai decerto gerar polémica. “Saint Laurent, Mauvais Garçon” divulga novas informações sobre a família do criador, as suas ansiedades, homossexualidade e dependência de drogas, álcool e anfetaminas.
Marie-Dominique Lelièvre contactou com 50 pessoas que conviveram com Yves Saint Laurent, incluindo membros da família, colaboradores, médicos, banqueiros, modelos. Pierre Bergé, seu companheiro de longa data que ajudou a construir a lenda YSL, permaneceu em silêncio, mas a sua presença é manifesta entre cada linha escrita sobre Yves Saint Laurent.
Marie-Dominique Lelièvre conta a história do “mauvais garçon” Yves Saint Laurent, alumiando os seus silêncios, sombras e segredos. A autora das biografias de Sagan e Gainsbourg interessa-se pelas fragilidades das celebridades que conseguem atingir o auge do sucesso à custa do talento e contra os defeitos, fraquezas e vícios. “Saint Laurent, Mauvais Garçon” revela um Yves Saint Laurent workaholic, atormentado por ansiedade, perdido no mundo exterior à sua casa de Alta Costura, devorando anfetaminas, whisky e cocaína.
Mais do que o grande criador de Alta Costura do século XX, “Saint Laurent, Mauvais Garçon” revela o homem.
YVES SAINT LAURENT – GRANDE NOME DA ALTA COSTURA DO SÉCULO XX
Yves-Mathieu Saint Laurent nasceu a 1 de Agosto de 1936 em Oran, na Argélia. Em 1954, matriculou-se na Chambre Syndicale de la Couture, mas a sua vida de estudante durou apenas três meses. Começou a trabalhar com Christian Dior e quando este morreu, em 1957, foi nomeado director criativo da casa Dior, quando tinha apenas 21 anos. Em 1958, apresentou a sua primeira colecção para a Dior, “Trapézio”, que pôs fim a anos de ditadura da cintura de vespa, um êxito total. Em 1962 abriu a sua própria casa de Alta Costura, em parceria com Pierre Bergé.
Yves Saint Laurent marcou a história da Moda com criações emblemáticas como a linha trapézio, que revolucionou o conceito de vestido e impulsionou a sua carreira, os modelos com desenhos geométricos, as botas de cano acima do joelho, o estilo safari, as transparências (lançadas em 1968), o casaco de couro, a blusa com laçada, o fato de duas peças. Mas a sua grande distintiva foi, sem dúvida, o "smoking" feminino, apresentado pela primeira vez em 1966, com uma blusa transparente e uma calça masculina. A liberdade oferecida por Chanel ganhou mais força com este novo traje, que se tornou símbolo de uma nova atitude feminina. “Se Chanel liberou as mulheres, Saint Laurent deu-lhes o poder com roupas de homens”, afirmou Pierre Bergé. Depois disso, o smoking passou a integrar todas as colecções de Yves saint Laurent.
No início, Yves Saint Laurent recorreu ao estilo sóbrio e ao negro, até que, numa viagem a Marraquexe, se deixou conquistar pelas cores que dominariam algumas das suas colecções, como Picasso (1979), Matisse (1981) e Van Gogh (1988). Em 1999, o grande mestre vendeu os direitos da sua marca ao grupo Gucci, cedendo os direitos da sua colecção Rive Gauche, perfumes, cosméticos e acessórios.
Depois de 40 anos de sucessos, incluindo 70 colecções de Alta Costura, Yves Saint Laurent disse adeus às passerelles em Janeiro de 2002, apresentando no Centro Georges Pompidou, em Paris, um desfile retrospectivo das suas criações.
Sobre o seu trabalho, Yves Saint Laurent afirmou outrora: "A roupa mais bonita para vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Para as que não tiveram essa felicidade, eu estou aqui."
Yves Saint Laurent morreu em Paris, a 1 de Junho de 2008.