O enfant-terrible da Moda portuguesa nasceu em Arcos, Anadia, em 1967. Fez a sua formação em Pintura na Escola Superior Artística do Porto e posteriormente um curso profissional de fotografia no INEF.
Depois de uma passagem pela Cinemateca Portuguesa, faz uma primeira apresentação nas “Manobras de Maio de 1994 e inicia colaborações para figurinos de teatro.
Para além de participar em diversos acontecimentos de moda nacionais, cria a mise-en-scène para quatro desfiles de Ana Salazar e inicia as suas apresentações regulares na ModaLisboa.
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Depois de uma passagem pela Cinemateca Portuguesa, faz uma primeira apresentação nas “Manobras de Maio de 1994 e inicia colaborações para figurinos de teatro.
Para além de participar em diversos acontecimentos de moda nacionais, cria a mise-en-scène para quatro desfiles de Ana Salazar e inicia as suas apresentações regulares na ModaLisboa.
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ModaLisboa - O que pensa ser fundamental na formação de um designer de moda?
Dino Alves - A vivência na sua plenitude, porque é isso que nos dá a criatividade. Claro que a formação e o conhecimento técnico também ajudam e falo por mim. Inicialmente tinha algumas dificuldades a esse nível e muitas das vezes não conseguia concretizar as minhas ideias por falta de conhecimentos técnicos. Mas ainda assim, muitos desses casos acabavam por dar resultados muito interessantes, porque ao contornar as situações e essas dificuldades eu acabo por conseguir resultados que não estava à espera e que nunca faria se estivesse muito agarrado à componente prática. Portanto, considero a parte criativa muito mais importante do que a técnica, mas conciliar as duas é o ideal.
ML - Como é que as suas próprias experiências afectam o seu trabalho como designer?
DA - Afectam de tal forma que, às vezes, até digo que o que tenho feito nos meus desfiles é quase uma biografia. Em vários desfiles que fiz, o conceito ou o tema não tinham conscientemente a ver com uma vivência minha ou com a minha história de infância ou adolescência, mas depois com o desenrolar do processo, no final, depois de ter feito tudo, olho para as imagens e digo: espera lá…isto tem tudo a ver com a minha adolescência, com o meio onde vivi. Há vários desfiles em que concluo que são uma biografia. Não são todos, mas a grande maioria. Cada vez que faço um desfile, eu dou tanto de mim, que chego a sofrer com isso. Aliás, em vésperas de um desfile, o sofrimento é tão grande que digo sempre que não quero mais isto, mas depois acabo sempre por continuar, porque isto é qualquer coisa da qual sinto necessidade, tanto que ainda aqui estou, ao fim 15 anos. A minha vida pessoal e a minha vida artística estão completamente casadas.
Dino Alves - A vivência na sua plenitude, porque é isso que nos dá a criatividade. Claro que a formação e o conhecimento técnico também ajudam e falo por mim. Inicialmente tinha algumas dificuldades a esse nível e muitas das vezes não conseguia concretizar as minhas ideias por falta de conhecimentos técnicos. Mas ainda assim, muitos desses casos acabavam por dar resultados muito interessantes, porque ao contornar as situações e essas dificuldades eu acabo por conseguir resultados que não estava à espera e que nunca faria se estivesse muito agarrado à componente prática. Portanto, considero a parte criativa muito mais importante do que a técnica, mas conciliar as duas é o ideal.
ML - Como é que as suas próprias experiências afectam o seu trabalho como designer?
DA - Afectam de tal forma que, às vezes, até digo que o que tenho feito nos meus desfiles é quase uma biografia. Em vários desfiles que fiz, o conceito ou o tema não tinham conscientemente a ver com uma vivência minha ou com a minha história de infância ou adolescência, mas depois com o desenrolar do processo, no final, depois de ter feito tudo, olho para as imagens e digo: espera lá…isto tem tudo a ver com a minha adolescência, com o meio onde vivi. Há vários desfiles em que concluo que são uma biografia. Não são todos, mas a grande maioria. Cada vez que faço um desfile, eu dou tanto de mim, que chego a sofrer com isso. Aliás, em vésperas de um desfile, o sofrimento é tão grande que digo sempre que não quero mais isto, mas depois acabo sempre por continuar, porque isto é qualquer coisa da qual sinto necessidade, tanto que ainda aqui estou, ao fim 15 anos. A minha vida pessoal e a minha vida artística estão completamente casadas.
ML - O que privilegia numa colecção:
- O processo criativo ou o produto final?
DA - Embora reconheça que o produto final é muito importante, continuo a privilegiar o processo criativo porque sempre assumi que fazia moda como uma forma de expressão artística. Podia fazer outra coisa, porque sou formado em pintura, mas a escolha da moda foi um caminho inevitável e apesar de já fazer mais roupa com objectivos mais comerciais, continuo a ver e a moda mais como um projecto artístico, como poderia ser uma instalação, um videoart ou uma performance. Continuo sempre a manter esse lado, mesmo que a roupa em si sobressaia mais, nunca separo o processo criativo, porque foi através dele que eu conquistei alguma coisa. Continuo a achar que o processo criativo é mais importante.
- O processo criativo ou o produto final?
DA - Embora reconheça que o produto final é muito importante, continuo a privilegiar o processo criativo porque sempre assumi que fazia moda como uma forma de expressão artística. Podia fazer outra coisa, porque sou formado em pintura, mas a escolha da moda foi um caminho inevitável e apesar de já fazer mais roupa com objectivos mais comerciais, continuo a ver e a moda mais como um projecto artístico, como poderia ser uma instalação, um videoart ou uma performance. Continuo sempre a manter esse lado, mesmo que a roupa em si sobressaia mais, nunca separo o processo criativo, porque foi através dele que eu conquistei alguma coisa. Continuo a achar que o processo criativo é mais importante.
- Padrão ou Forma?
DA – Forma.
- Cor ou Textura?
DA – Cor.
DA – Forma.
- Cor ou Textura?
DA – Cor.
- Verão ou Inverno?
DA - Já houve estações em que me deu mais gozo fazer Inverno e noutras Verão. Mas o Inverno oferece mais possibilidades, sobretudo a nível de styling, porque dá para pôr e misturar mais coisas, fazer imagens mais fortes. Mas não tenho nenhuma preferência especial por uma das estações.
ML – Fale-nos um pouco da colecção que vai apresentar hoje.
DA - A colecção chama-se “He, She and Me”. É um jogo de palavras que achei que tinha uma sonoridade interessante e fácil e porque é um exercício que tem a ver exactamente com isso. Porquê? Porque peguei em he (ele), e no guarda-roupa de um homem, absolutamente formal, straight e super clássico, e fiz roupa de mulher, muito feminina, embora em alguns casos se torne um pouco unissexo. Em algumas imagens, a presença do masculino e do feminino está equilibrada. Parti do universo da roupa de Homem - camisas super clássicas, calças masculinas, tecidos e materiais muito masculinos como as fazendas – e utilizei elementos de lapelas de casacos, sobretudos, golas de camisa, colarinhos, tudo o que tem a ver com o universo dos homens. Outra das influências estéticas fortes é a do universo do teatro kabuki japonês, que está frequentemente patente naquilo que faço, porque uma das suas características é a interpretação dos papéis femininos por actores homens. Mas depois, no final, olho para as imagens e parece-me uma coisa étnica, que não se sabe muito bem de que país é, alguns looks parecem também inspirados no séc. XIX. Na altura os homens também se vestiam de uma forma muito feminina, maquilhavam-se e tinham uma grande preocupação com a imagem, que durante vários séculos se perdeu e hoje em dia está novamente a voltar. No final, quando olhei para aquilo que fiz, percebi que a colecção tinha essa mistura toda, portanto achei que no desfile fazia todo sentido, em termos de performance, fazer com os corpos aquilo que fiz com roupa. Peguei em corpos de homem e transformei-os em corpos de mulher, portanto na passerelle vamos ver homens vestidos de mulher e maquilhados. Não tem muita a estética Drag Queen, não quis ir por aí, só fiz isto porque tinha a ver com o tema da colecção. Se fiz este exercício com a roupa, achei que fazia sentido fazê-lo também em desfile.
ML – Fale-nos um pouco da colecção que vai apresentar hoje.
DA - A colecção chama-se “He, She and Me”. É um jogo de palavras que achei que tinha uma sonoridade interessante e fácil e porque é um exercício que tem a ver exactamente com isso. Porquê? Porque peguei em he (ele), e no guarda-roupa de um homem, absolutamente formal, straight e super clássico, e fiz roupa de mulher, muito feminina, embora em alguns casos se torne um pouco unissexo. Em algumas imagens, a presença do masculino e do feminino está equilibrada. Parti do universo da roupa de Homem - camisas super clássicas, calças masculinas, tecidos e materiais muito masculinos como as fazendas – e utilizei elementos de lapelas de casacos, sobretudos, golas de camisa, colarinhos, tudo o que tem a ver com o universo dos homens. Outra das influências estéticas fortes é a do universo do teatro kabuki japonês, que está frequentemente patente naquilo que faço, porque uma das suas características é a interpretação dos papéis femininos por actores homens. Mas depois, no final, olho para as imagens e parece-me uma coisa étnica, que não se sabe muito bem de que país é, alguns looks parecem também inspirados no séc. XIX. Na altura os homens também se vestiam de uma forma muito feminina, maquilhavam-se e tinham uma grande preocupação com a imagem, que durante vários séculos se perdeu e hoje em dia está novamente a voltar. No final, quando olhei para aquilo que fiz, percebi que a colecção tinha essa mistura toda, portanto achei que no desfile fazia todo sentido, em termos de performance, fazer com os corpos aquilo que fiz com roupa. Peguei em corpos de homem e transformei-os em corpos de mulher, portanto na passerelle vamos ver homens vestidos de mulher e maquilhados. Não tem muita a estética Drag Queen, não quis ir por aí, só fiz isto porque tinha a ver com o tema da colecção. Se fiz este exercício com a roupa, achei que fazia sentido fazê-lo também em desfile.
3 comentários:
DINO E SIMPLESMENTE SUBLIME
O Dino Alves é e será sempre akilo k se poderá chamar um show man.Adorei simplesmente o desfile.Para Coisas comuns bastam as do dia a dia,isto é um acontecimento de moda,criação é a prioridade.PARABENS DINO
Parabéns Dino, surpreendes em tudo o q fazes, és um génio, superas todas as expectativas. Força amigo, continua.
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